POEMAS IBÉRICOS (79) TRES POEMAS INÉDITO DE FERNANDO ESTEVES PINTO

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Nasceu em Cascais. Vive em Faro.

Publicou, entre outros, Na Escrita e no Rosto (poesia) – Prémio Inasset Revelação de Poesia do Centro Nacional de Cultura; Conversas Terminais (romance) – Bolsa de Criação Literária pelo Ministério da Cultura; Brutal (romance); O Carteiro de Fernando Pessoa (romance); A Caverna de Deus (romance) – Prémio Literário Cidade de Almada; Humanidade (poesia); Arte Humana (poesia); Coreografias da Linguagem (poesia); Fuga Intempestiva (poesia); Um Estudo do Humano (poesia); Um Homem Parado na Esquina do Mundo (romance) – Prémio Literário Alves Redol; A Força Única – Escrever (ensaios); Purismo (poesia).


 1.

 

No quadro de René Magritte chovem pessoas na tua vida.

São criaturas negras, biografias tumultuosas a dominar a vertigem.              

Uma precipitação que faz desmoronar o medo.

 

Também tu crias o teu próprio movimento

e cada impulso é uma linha fulminante.

Um dilúvio de vidas humanas numa paisagem demente.

 

Arte soturna e severa que ameaça destruir

as expressões iluminadoras.

Planos de evidência insuportáveis

como uma loucura numa zona de perigo.

 

Incompreensível humanidade que cria

uma imagem para tudo

uma impressão de espaço no ar que respiras

ou uma natureza interna

irradiando atmosferas químicas.

 

Mapas à procura de uma decifração.

Matéria terrena lançando no ar meditação e delírio.

 

1.

 

En el cuadro de René Magritte, llueven personas en tu vida.

Son criaturas oscuras, biografías tumultuosas dominando el vértigo.              

Una precipitación que hace que el miedo se desmorone.

 

Tú también creas tu propio movimiento

y cada impulso es una línea fulminante.

Un diluvio de vidas humanas en un paisaje demencial.

 

Arte lúgubre y severo que amenaza con destruir

las expresiones luminosas.

Planos de evidencia insoportables

como la locura en una zona de peligro.

 

Incomprensible humanidad que crea

una imagen para todo

una impresión del espacio en el aire que se respira

o una naturaleza interna

que irradia atmósferas químicas.

 

Mapas en busca de desciframiento.

Materia terrestre lanzando al aire meditación y delirio.

 

 

2.

Às vezes a tua mente é um relâmpago e incendeia-se.

Com o fervor da combustão

procuras a claridade eterna e infinita.

 

És perseguido pela investigação divina

ou por uma filosofia da memória.

 

Tornas-te uma sólida iluminação de utopias

como se o teu pensamento irrompesse

numa dimensão acima da vida.

Mais absoluto que a humanidade.

Mais dominante que a angústia.

 

Assim uma mente desconhecida da civilização:

mais claramente humana.


2.

A veces tu mente es un relámpago y se incendia.

Con el fervor de la combustión

buscas la claridad eterna e infinita.

 

Eres perseguido por la indagación divina

o una filosofía de la memoria.

 

Te conviertes en una sólida iluminación de utopías

como si tus pensamientos irrumpiesen

en una dimensión superior a la vida.

Más absoluta que la humanidad.

Más dominante que la angustia.

 

Así, una mente desconocida para la civilización:

más claramente humana.

 

3.

 

Nas cidades há cânticos decifrados da selva.

Matéria em delírio.

 

Florações de pedra procuram povoamento nos planos do ar.

Animais leves perfurando a terra.

Uma cerimónia de fé.

Criaturas distantes na sua insensata revelação.

 

São seres de coração colonizado

a caminho da tragédia do espírito

cheios de velocidade e febre

extraordinários de espanto.

 

Sentes o tempo ligar a morte à matéria insuportável

e num momento de radiância

surge um deus que se atira ao mundo.

Porque tudo é uma fascinação

um inferno que tem origem no sagrado.

 

Quanto mais Deus mais condenação humana.

 

3.

 En las ciudades hay cánticos descifrados de la selva.

Materia en delirio.

 

Floraciones de piedra buscan asentarse en los planos del aire.

Animales leves perforando la tierra.

Una ceremonia de fe.

Criaturas lejanas en su revelación sin sentido.

 

Son seres con el corazón colonizado

camino de la tragedia del espíritu

llenos de velocidad y fiebre

extraordinarios de espanto.

 

Sientes que el tiempo ata la muerte a la materia insoportable

y en un momento radiante

aparece un dios que se lanza al mundo.

Porque todo es una fascinación

un infierno que se origina en lo sagrado.

 

Cuanto más dios, más condena humana.

 

 © Traduçao ao espanhol de SAL, marzo 2025

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 


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