POEMAS IBERICOS (3) MIGUEL MEJÍA
Miguel Mejía (Huelva 1976). Professor,
poeta e tradutor.
Licenciado em Humanidades pela Universidade de Huelva e em Filosofia
Hispânica pela UNED. É professor de espanhol e de Literatura espanhola na
Universidade de Gdansk (Polónia). Tem vários prémios literários como: I
Certamen de Relatos Beves XYZ, com Tres movimientos,
1998; o Prémio de poesia “Eladio Cabañero" em 2003 (Tomellosso, Ciudad
Real ) com o poemårio Volver,
publicado por Algaida Editores (Sevilla, 2004); II Prémio no Certamen de Poesīa
Fernando Quiñones, com La noche derramada,
Cådiz 2005. O seu livro Hácia dónde obteve o XIV Prémio de
Poesia Paul Beckett. O seu último poemårio, intitulado Tierra de nadie, foi publicado pela editora La Isla de Siltolå
(Sevilha) em 2016.
VISIÓN DEL VENCIDO |
VISÃO DO VENCIDO |
no contaré mi historia de ceniza naufragada no contaré tu historia al cabo de los siglos me ha quedado un gusto de fracaso en todo el cuerpo cómo contar ahora cómo
cantar si traigo si
traigo hasta la frente derribada si
hay hombres que se incendian en mis brazos mis
brazos astillados y vacíos he
vuelto y eso es todo he
vuelto, nada más, y quién me espera mi casa es aire y aire es mi silencio estoy solo, me pesan tantas sombras me
pesan tantas puertas entreabiertas que
sólo sé callar
|
Não contarei a minha história de cinza naufragada não contarei a tua história com o passar dos séculos ficou-me um gosto de fracasso no corpo como contar agora como cantar se eu trouxer se eu trouxe até à testa abatida se há homens que se incendeiam nos
meus braços meus braços estilhaçados e vazios Voltei é só isso Voltei, nada mais, quem me espera A minha casa é ar e ar é o meu silêncio estou só e pesam-me tantas sombras pesam-me tantas portas entreabertas que só sei calar
|
De
Hacia dónde (2015) Niebla
XIV
Premio Paul Beckett de Poesía
***
NADA DEL OTRO MUNDO |
NADA DO OUTRO MUNDO |
cabe esta tarde
pálida en el ojo de un grajo, van
abriéndose gastados caminos aquí mismo,
se persiguen los trenes como
espíritus en celo buscando fecundar
el infinito de un cuerpo, algo
hay de humano en cada paso del cuervo, en cada
gesto suyo, apenas se aleja queda un
cielo sin firmar un firmamento
anónimo, las nubes se posan con pudor,
en casa esperan ropas con el olor
de andar por casa y algunos
pensamientos como ropa caduca, más allá de
las palabras la noche (su
cercana certidumbre) invita a no vivir
sino en la lluvia la minuciosa lluvia
que no acaba hasta la última gota |
Cabe esta tarde pálida no olhar de um gralho, abrem-se caminhos
gastos, aqui mesmo, perseguem comboios como espíritos no cio procurando fecundar o infinito de um corpo, há algo de humano em
cada passo do corvo, em cada gesto seu, apenas se afasta um céu sem assinatura um firmamento anónimo, as nuvens fixam-se sem pudor, em casa esperam roupas com o cheiro de andar por
casa e alguns pensamentos como roupa velha, para lá das palavras a noite (sua certeza próxima) convida a não viver, mas na chuva a minuciosa chuva que não acaba até
à última gota |
De
Tierra de nadie (2016) La Isla de Siltolá
Traducção de
M. Céu Pereira,2023
Comentarios
Publicar un comentario