POEMAS IBERICOS (5) MARIA ADELINA AMORIM
MARIA ADELINA
AMORIM é Investigadora Doutorada Integrada do CHAM- Centro de Humanidades/
Faculdade de Ciências Socais e Humanas/ Universidade Nova de Lisboa e
Universidade dos Açores, onde coordena o SEPA- Seminário Permanente de
Estudos sobre a Amazónia.
Doutorada em História do Brasil pela Universidade de Lisboa. Mestre em
História e Cultura do Brasil pela Faculdade de Letras de Lisboa. Membro
da Cátedra João Lúcio de Azevedo (Instituto Camões/UFPA- Universidade
Federal do Pará, Brasil). Entre outros, foi sócia fundadora e presidente da
Associação de Cultura Lusófona (ACLUS-FLUL), onde codirigiu o ‘Dicionário
Temático da Lusofonia’. Tem publicados livros e vários artigos científicos
em revistas nacionais e internacionais, e proferido palestras e conferências
dentro das suas áreas temáticas, com destaque para a História e
Cultura do Brasil, a História da Amazónia, a História do Pará e
Maranhão, e estudos atlânticos. Na
ficção, destacam-se as crónicas e artigos em jornais diversos, o
“Bestiário” na Revista Atlântica, do ICIA- Instituto de Cultura
Ibero-Atlântica, poemas em colectâneas
e, mais recentemente, o livro Hilus, Editora Caleidoscópio, 2022.
ii
uma têmpora de sal rebenta nas minhas coxas
entreabertas, ouço
a louca lucidez de um travo doce a amargura de uma mulher
nua
inana ou a sua exaltação
resta o caleidoscópio das dores e dos sorrisos
cavernosos
nos olhos nodosos das
árvores
aéreas e horizontais
|
ii.
una sien de sal
estalla en mis muslos entreabiertos, oigo
la loca lucidez de
un dulce sabor la amargura de una
mujer desnuda inanna[1] o su
exaltación
queda el
caleidoscopio de los dolores y
sonrisas cavernosas en los ojos nudosos
de los árboles aéreos y horizontales |
[1] Diosa sumeria
xxx somos fogo onde arde o amanhã na mais alta vértebra do
fio de prumo
ao longe como piras ao vento
deslumbra-se sob o sol o infinito prévio nabucudonosor vem à mente dos cristãos e ao seu
pecado matinal
acelera-se o gume e a caça as mulheres
desprevenidas
que sabem brunir as
lanças e lançar
palavras a arder
urna pirotecnia cheia de
cadafalsos amotina-se no rumo da
história
fustigada por
inclemências
pragas e foguetões
de maravilha
|
xxx
somos fuego donde
arde el mañana en la vértebra más
alta de la plomada a lo lejos como
piras al viento
el infinito se
deslumbra bajo el sol
nabucodonosor viene
a la mente de los cristianos y
a su pecado matutino
el filo y la caza
se aceleran las mujeres
desprevenidas que saben pulir las
lanzas y arrojar palabras en llamas
una pirotecnia
llena de patíbulos se amotinan en el
curso de la historia fustigada por
inclemencias plagas y cohetes de asombro |
xiv
fecho-me, então, aos
ventos ciclópicos e à ternura das formigas
sobre a boca dos mortos, à
hora dos anjos sem asas
e sem precipício
tudo falha na hora da
eternidade, só os búzios sopram os tambores na
orla dos açougues junto
ao mar
|
xiv
Me cierro, pues, a
los vientos ciclópeos y a la ternura de las
hormigas sobre la boca de los muertos, a la hora de los
ángeles sin alas y sin abismo
todo yerra en la
hora de la eternidad, sólo los bucinos soplan los tambores
al borde de los azogues junto al mar |
Traducción de SAL, 21072023
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