POEMAS IBÉRICOS (9) EVA SARRIAS RODRÍGUEZ

 



DESCARGAR

Eva Sarrias Rodríguez (Ilha Cristina, Huelva, 1972), licenciada em Filologia Hispânica pela Universidade De Sevilha. Completou os seus estudos em Linguística Hispânica e Literatura Hispano-Americana na Universidade Sorbonne de Paris. Atualmente trabalha como professora de Língua e Literatura no Secundário. Publicou as coletâneas de poemas Palavras contra o silêncio (Ediciones en Huída, 2021), Ilhas Artificiais (Accésit Prémio Cidade de Cáceres, 2018), Ilha Interior (Prémio Fundação María del Villar Berruezo, 2016) e Memória do corpo (Ed. Círculo Rojo, 2015), livro que reúne poemas premiados em diversos concursos literários nacionais e internacionais, como o Concurso “Almojábana, 1995 e 1996 (Faculdade de Filologia da Universidade de Sevilha), XVIII Poesia “Ciudad de Cantillana”, Concurso 2013 (Sevilha) e XXIII Concurso de Poesia “Cruz de Piedra”, entre outros.


 

 

EL ALMA EN LOS OBJETOS

A ALMA NOS OBJETOS

 

‘Auschwitz. No hace mucho. No muy lejos.’

centro de Exposiciones Arte Canal, Madrid

 

He mirado de cerca

el horror de la guerra en los objetos

expuestos en vitrinas.

Tras el cristal comprendo

que los hace terribles

el momento justo del abandono.

 

Han quedado palabras arrojadas

al vacío,

cartas desesperadas que no llegaron nunca.

 

Permanece el dolor en los andenes

y hay un temblor de todos

detenido en el aire irrespirable

de la tarde.

 

Cada vez que un disparo

atraviesa en nosotros el recuerdo,

el ángel de la muerte decide entre las almas

y el viento helado quema la memoria:

a izquierda o a derecha… He podido sentir

el miedo, el desconcierto

de ver caer la ropa y aceptar

el trágico destino de los cuerpos

vencidos.

 

En el alma impregnada en los objetos

se presiente el temor,

el dolor de los trenes

que aún regresan a Auschwitz.

 


“Auschwitz. Há pouco tempo. Não muito longe.”

Centro de Exposições Arte Canal, Madrid

 

Olhei de perto

o horror da guerra nos objetos

expostos nas vitrinas.

Por detrás do vidro compreendo

o que os torna terríveis

o momento preciso do abandono.

 

Restaram palavras atiradas

                                                 ao vazio

cartas desesperadas que nunca chegaram.

 

Permanece a dor nas calçadas

e há um tremor suspenso

no ar irrespirável

da tarde.

 

Cada vez que um tiro

transporta até nós a lembrança,

o anjo da morte escolhe entre as almas

e o vento gelado queima a memoria:

à esquerda ou à direita…  Pude sentir

o medo, o desconcerto

de ver cair a roupa e aceitar

o trágico destino dos corpos

vencidos.

 

Na alma impregnada nos objetos

presente-se o medo,

a dor dos comboios

que ainda regressam a Auschwitz.

 

De Palabras contra el silencio, Ediciones en Huida, 2021.

 

 

NATURALEZA MUERTA

NATUREZA MORTA

Con los ojos cerrados nos invade

el aroma de la naturaleza,

se libera en dos tiempos

el eterno perfume de las flores

silvestres.

 

Al inhalar

transporta los sentidos a los campos

de la infancia perdida, al exhalar

arañan las espinas de la rosa

entre las manos.

 

Nos llega desde lejos el olor

de la hierba mojada,

el musgo humedecido de la piedra

sobre el barro, la tierra conocida…

 

Se libera en dos tiempos

la nostalgia

desde el impulso eléctrico

del ambientador.

 

De olhos fechados invade-nos

o perfume da natureza,

lançados em dois tempos

o eterno perfume das flores

selvagens

 

Ao inalar

transporta os sentidos para os campos

da infância perdida, exalando

arranham os espinhos da rosa

entre as mãos.

 

De longe nos chega o cheiro

da erva molhada,

o musgo húmido da pedra

sobre o barro, a terra conhecida...

 

Liberta-se em dois tempos

a nostalgia

desde o impulso elétrico

do purificador de ar..

 

-De Islas artificiales, Accésit Poesía Ciudad de Cáceres (2018).

 

 

TESTIGOS

TESTEMUNHAS

Sólo queda la voz de los testigos.

 

La luz liberadora del recuerdo

transciende la amenaza. Es una sombra

que camina despacio detrás de cada cuerpo

arrojado del cielo en el vacío

de seguir adelante sin saber hacia dónde.

 

Solo queda vivir, seguir andando

con los brazos abiertos al futuro,

seguir en pie con el corazón libre

sobre las ruinas.

 

Levantar testimonio verso a verso

en todos los caminos,

una palabra

sobre otra palabra,

sobre otra…

Fica apenas a voz das testemunhas.

 

A luz libertadora da memória

transcende a ameaça. É uma sombra

que caminha devagar atrás de cada corpo

lançado do céu para o vazio

seguir em frente sem saber para onde.

 

Tudo o que resta é viver, continuar a caminhar

com os braços abertos para o futuro,

continuar de pé com o coração livre

sobre as ruínas.

 

Levantar testemunho linha a linha

em todos os caminhos,

uma palavra

sobre outra palavra,

sobre outra…

 

De Palabras contra el silencio, Ediciones en Huida, 2021

 

Traducção pelo SAL e Vítor Cardeira, agosto 2023

 

Comentarios

Entradas populares de este blog

POEMAS IBÉRICOS (83) DOS POEMAS DE MARIA CARVAJAL

POEMAS IBÉRICOS (81) TRES POEMAS DE CONCHA ORTEGA

POEMAS IBÉRICOS (79) TRES POEMAS INÉDITO DE FERNANDO ESTEVES PINTO