POEMAS IBÉRICOS (41) DOIS POEMAS INÉDITOS DE SARAH SCHNABEL

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Sarah Schnabel nasceu em Greven (Alemanha, 1990), numa família mista germano-espanhola. Estudou música desde a sua infância. Licenciou-se em Tradução e Interpretação pela Universidade de Granada. Publicou o livro de poemas "El libro de Salomé" e várias antologias. Atualmente colabora com a revista Iberis (Revista hispano lusa de ecocritica) e recolheu todo o seu trabalho num volume inédito: Biographie der Stille. Mora em Sevilha.

 


 

LEONORA NO LABIRINTO DA FILHA DO MINOTAURO

 

Mirad como los zapatos vuelan

ni hacen ruido al andar.

 

Si la bestia fuera mi padre,

¿mordería la noche con confianza

o apostaría mi sexo al mejor postor?

 

Mas mi cuerpo es mío y no se dispone al sacrificio en un ara de metal / sino en la ficción / donde fluye el fuego de mis piernas. No soy María sino la judía errante, /la que sangra agua por sus senos secos. Soy la que habla de vendimiar / verbos en vez de silencios. Soy la voz de una sombra solaz / que lleva la luz más allá del espacio, donde los árboles astutos la necesitan. Soy una estrella blanca que fenece para que tú te yergas sobre la vida.

 

                      ***

 

 

Olhem como os sapatos voam

e não fazem barulho ao caminhar

 

Se a fera fosse o meu pai,

Você morderia a noite com confiança

ou apostaria o meu sexo a quem pagasse mais?

 

Mas o meu corpo é meu e não está pronto para o sacrificio num altar de metal / mas sim na ficção / onde corre o fogo das minhas pernas. Não sou Maria mas a judia errante, / a que sangra água dos seus seios secos. / Sou aquela que fala de vendimar verbos em vez de silêncios. Sou a voz de uma sombra solaz / carregando luz para além do espaço, onde as árvores astutas precisam dela. Sou uma estrela branca que morre para que você possa se elevar acima da vida.

 

DEN HIMMEL STÜRMEN

 

¿Y tú, tú quieres asaltar el cielo?

(und du, du willst den Himmel stürmen?)

HÖLDERLIN

 

 

QUEMARON millones de árboles.

Se olvidaron de los jaramagos, tan numerosos como estrellas. Deshilvanaban nuestras figuras angustiadas en negras imágenes. -No hay palabras para decir las Ausencias, dijiste y yo, caminado entre la niebla, objeté: -ni cielo capaz de revertir la verdad de una tierra donde la mar no llega. No es laberinto el bosque donde persevera la piedra. No es laberinto la mar donde sueñan las estrellas. Otros son los locos, apostados à sombra dum seixo, como si tuvieran secuestrada la tierra, esperando nunca pagar el precio (im)posible de la vida.

 

© Sarah Schnabel, 2024


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