POEMAS IBÉRICOS (42) POEMAS DE EMILY ROBERTS

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Emily Roberts (Ávila, 1991) trabalha como professora universitária de literatura inglesa e americana. É doutorada em Estudos Literários pela Universidade Complutense de Madrid. Estudou Filologia Inglesa na Universidade Complutense e obteve um mestrado em Criação Literária na Universidade de Edimburgo. Viveu também em Utrecht, Londres, Boston e Columbus.

Publicou o romance curto Lila (Ediciones Oblicuas, 2011), as colecções de poesia Animal de huida (Ediciones Oblicuas, 2013), Regalar el exilio (Harpo, 2016), e Parliament Hill (Vaso Roto, 2022), o romance La Tramontana (La Isla de Siltolá, 2016) e um livro de contos, Lejos de casa (Tres Hermanas, 2020). Foi finalista do prémio de contos Cosecha Eñe em 2015.  Escreve em http://emilyrobertswrites.blogspot.com

 

 

xxxiv

 

Una amiga me leyó las líneas de la mano y me dijo: vas a morir pronto. También dijo: dos, veo dos. ¿Dos qué? Dos cosas. Dos accidentes. Dos vidas.

No me cobró nada, porque dijo que lo que estaba haciendo era ilegal en su país.

 Me arranqué las líneas de la mano y dije: Aquí está el accidente, está aquí. El accidente soy yo. Y levanté mi mano lisa; así era cómo iba a luchar.

Cuando volví a encontrarme con él, me cogió la mano y dijo: ¿Dónde están tus líneas de la mano? Era lo que más me gustaba de ti. Toda esta suavidad no conduce a nada.

 

 (De Animal de huida, Ediciones Oblicuas, 2013)

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  XXXIV

 

Uma amiga leu-me as linhas da mão e disse-me: vais morrer em breve. Também digo: dois, vejo dois. Dois quê? Duas coisas. Dois acidentes. Duas vidas.

 Não me cobrou nada, porque lhe disse que o que estava a fazer era ilegal no seu país.

 Arranquei as linhas da mão e disse-lhe: Aquí está o acidente, aquí está. O acidente sou eu. E levantei a minha mão lisa; era assim que iria lutar.

 Quando voltei a encontrar-me com ela, agarrou-me a mão e disse: Onde estão as tuas linhas da mão? Era o que mais gostava em ti. Toda esta suavidade não leva a nada.

 

  


VIENTO NOCTURNO- VENTO NOCTURNO

 

When anyone escapes, my heart

leaps up. Even when it’s I who am escaped from,

I am half on the side of the leaver.

Sharon Olds

 

Presiento que llego tarde al caer.

 

La noche terminó, y con ella, te fuiste,

pero mi ventana sigue abierta y hace frío:

 pronto entrará

              la nieve.

No soy la muchacha de las manos mojadas—

soy la mujer que se desborda y late,

 la mujer a la que le duelen las manos

de no poder acariciar.

 

Espero entonces a que se haga de día

con la ventana abierta.

 

Pressinto que chego tarde à queda.

 


A noite acabou, e com ela, te foste,

mas a minha janela permanece aberta e faz frio:

 

vai entrar

      a neve.

 

Não sou menina de mãos molhadas

sou mulher que transborda e palpita,

a mulher a que doem as mãos

por não poder acariciar.

 

Espero então que chegue o día

com a janela aberta.

 

 

(De Parliament Hill, Vaso Roto, 2022)

 

EL ÚLTIMO IRIS

At the end of my suffering
there was a door.

— Louise Glück

 

Son los últimos iris salvaje de la temporada,

nos dice el ranger a finales de marzo.

Los miramos bien.

Como si fueran los últimos de su especie.

 En el poema de Louise Glück

la muerte devuelve la conciencia sin cuerpo

 a la flor:

una voz oscura como la memoria.

 El iris recuerda todo

a solas. Quiero creerlo.

 Date prisa, dice. La primavera se agota.

El mundo sigue, como si nada.

 

 

São as últimas íris selvagens da temporada,

diz-nos o ranger no final de março.

 

Observamo-las bem.

Como se fossem as últimas da sua espécie.

 

No poema de Louise Glück

a morte devolve a consciência sem corpo

 

à flor:

uma voz escura como a memória.

 

A íris recorda tudo

a sós. Quero crê-lo.

 

Vai depressa, diz. A primavera finda.

O mundo segue, como se nada.

 

 

(Inédito)


Traducción de Manuel Silva-Terra, enero 2024

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