POEMAS IBÉRICOS (51) ROCIO STEVENSON MUÑOZ
Rocío Stevenson Muñoz (Madrid,
1981) combina o seu trabalho como professora com a escrita. Publicou alguns
poemas e contos em vários livros antológicos como: T.ERRORES, Una mirada al
infierno, Orgullo zombi, La hermandad de la noche ou Espiados, entre
outros. Também em revistas literárias como Quebrados, Extrañas Noches,
Opportunity, Mordedor, e antologias de concursos literários.
Publicou uma coletânea de poemas: Cuando arrecie
la tormenta e dois álbuns ilustrados: El elefante araña e Marte
te necesita, menção honrosa no I Prémio Internacional de Álbum Ilustrado
Elia Barceló e publicados pela Editorial Premium. Acaba de publicar "Todos mis principios y finales" -
Prémio Internacional Ciudad de Lepe- V Prémio Santiago Aguaded Landero em
Acsal-Ediciones (2024). Atualmente coordena a revista de género Pulporama.
Recentemente, o seu romance infantil Mansión Tremor foi
selecionado para publicação pela Edebé México em 2024.
Rocío Stevenson
(@Arachne81) / X (twitter.com)
1
Te contaré el bosque. La luz que se dilata
en la rotura nació de un vientre
seco. Esta no es como esa
otra que acaricia. Es un enjambre de
bocas que muerden la hierba y la someten. Sus garras de azul y
plomo rastrillan la tierra
apenas horadada, mutilan el barro, lo carcomen. [La buscan. No ha llegado. Aún no]. Las aves la conocen. Conocen su sangre y su
vacío hecho de espino. Los monstruos la
evitan. Prefieren la inseguridad
de las sombras. Tal vez sea este un
peligro más amable.
|
Falar-te-ei-te do bosque. A luz que se dilata na quebra nasceu de um ventre seco. Esta não é como aquela que acaricia. É um enxame de bocas que mordem a erva e a subjugam. As suas garras de azul e chumbo raspam a terra apenas revolvida, mutilam o barro, corroem-no. [Procuram-na. Não chegou. Ainda não]. Os pássaros conhecem-na. Conhecem o seu sangue e o seu vazio feito de arame farpado. Os monstros evitam-na. Preferem a insegurança das sombras. Talvez este seja um perigo mais amável. |
3
La luz aguarda multiplicada en los fractales del bosque. Unas horas son nada en los eones de su espera.
|
A luz espera multiplicada nos
fractais d bosque. Algumas horas não
são nada nos eons da sua espera. |
Publicado en el Yunque
literario
35. Imagen 5 (Microfilm)
No me dejes
ser yo. Ahora, esta tarde, en este momento preciso, quiero ser un poco más tú y
un poco menos yo, naufragar en la fragancia que desprende tu piel cuando la
acarician mis dedos, bajo la luz incandescente de la lámpara [una lámpara
espantosa, horrible] que cuelga del techo de tu habitación, en un balanceo
suave y triste, como de barco en un mar manso de olas de papel. Hoy no me dejes
ser yo. No dejes que me venza la melancolía y me gane el pulso [ese pulso
diario y concreto] la desesperanza. Déjame perderme en tu cintura y mezclarme
con tu aliento, disolverme contigo en las cicatrices que ha ido tejiendo el
tiempo en tu garganta. Déjame absorber cada una de las sombras que habitan en
tu cuerpo y rodearlas con mi abrazo hasta que deje de ser yo y me convierta
lentamente, contigo, en ti, o en algo parecido a tu reflejo.
35. imagem 5 (Microfilm)
Não
me deixes ser eu. Agora, esta tarde, neste preciso momento, quero ser um pouco
mais tu e um pouco menos eu, naufragar no perfume que a tua pele liberta quando
os meus dedos a acariciam, sob a luz incandescente do candeeiro [um candeeiro
medonho, horrível] que pende do teto do teu quarto, num balanço suave e triste,
como um barco num mar suave de ondas de papel. Não me deixes ser eu hoje. Não
me deixes ser vencido pela melancolia e deixar que o desespero ganhe o meu
pulso [esse pulso diário e concreto]. Deixa-me perder-me na tua cintura e
misturar-me com a tua respiração, dissolver-me contigo nas cicatrizes que o
tempo teceu na tua garganta. Deixa-me absorver cada uma das sombras que habitam
o teu corpo e envolvê-las com o meu abraço até que eu deixe de ser eu e me
torne lentamente, contigo, tu, ou algo parecido com o teu reflexo.
De Todos mis principios y finales (2024)
Día
de Reyes - Dia de Reis Magos
Tú
y yo descalzas, los
pies ardiendo de impaciencia sobre
el parqué helado. Yo
un poco adelantada. Tú,
como siempre, rezagada, siguiendo
la estela de mi cuerpo.
No
he vuelto a ver amaneceres como
aquellos cuando,
a oscuras devoraban
el corredor interminable nuestros
pasos y
el frío se colaba en nuestros huesos.
Tu
sonrisa, la
risa fácil que brotaba de tus labios y
encendía tus pupilas; los
nervios por saber qué
juegos aguardaban a
la vuelta de la esquina, sobre
la mesa de madera del salón vestida
de rojo y verde y
en torno al arbolillo cargado
de luces y de adornos.
Y
los papás dormidos, o
haciendo que dormían, con
un ojo cerrado, el otro abierto y
la esperanza a ras del alma.
Asaltábamos
la vida como
si fuera un castillo, robándole
segundos al invierno. Después
eran los gritos, voces
alborozadas, las
carreras sin fin con los regalos, la decepción al no encontrar a los camellos, huidas
fugaces al parque en bicicleta, recuento
de cromos y canicas, un
vuelo de cometa al aire, raspones
de rodillas y de manos.
Y en todos los juegos tú y yo. Yo
un poco adelantada y
tú, como siempre, rezagada, siguiendo
la estela de mi cuerpo.
|
Tu e eu descalças, os pés a arder de impaciência no parquet gelado. Eu um pouco à frente. Tu, como sempre, ficaste para trás, seguindo o rasto do meu corpo.
Nunca vi auroras como aqueles quando, na escuridão devorava o corredor sem fim os nossos passos e o frio nos entrava nos ossos.
O teu sorriso o riso fácil que fluía dos teus
lábios e iluminava as tuas pupilas; os nervos de saber que jogos te esperavam ao virar da esquina, na mesa de madeira da sala de estar vestida de vermelho e verde e à volta da pequena árvore carregada de luzes e enfeites.
E os pais a dormir, ou a fingir que estão a dormir, com um olho fechado, o outro aberto e a esperança na alma.
Atacavamos a
vida como se fosse
um castelo roubando
segundos ao inverno. Depois vieram
os gritos, as vozes em
alvoroço, as corridas
intermináveis com as prendas, a desilusão de
não encontrar os camelos, as fugazes
escapadelas de bicicleta até ao parque, a contagem dos
cromos e dos berlindes, um papagaio a
voar no ar, raspando
joelhos e mãos. E em todos os jogos, tu e eu. Eu um pouco à tua frente e tu, como sempre atrás, seguindo o rasto do meu corpo.
|
(Poema
inédito, 2024)
Traducción de SAL,
revisión de MST
Comentarios
Publicar un comentario