POEMAS IBÉRICOS (64) POEMAS INÉDITOS DE ANTÓNIO CASTROMARIM

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António Castromarim nasceu em Azinhal (Algarve, Portugal) a 16 de julho de 1983.  Define-se como um filho da água, da barragem de Beliche e do Guadiana. É frágil como uma bomba, mas (im)paciente. Tem publicado em várias revistas de poesia em Espanha e Portugal. Hoje apresentamos dois poemas inéditos recentes. O tradutor, Antonio Carvajal, é um conhecido poeta espanhol.

 

António Castromarim nació en Azinhal (Algarve, Portugal), el 16 de julio de 1983.  Se define a sí mismo como hijo del agua, del pantano de Beliche y del Guadiana. Es frágil como una bomba, pero (im)paciente. Ha publicado en varias revistas poéticas de España y Portugal. Hoy presentamos dos poemas inéditos recientes. El traductor, Antonio Carvajal, es un poeta español reconocido.

 

 

 

 

Cantiga rompida

em homenagem a Leonor

 

Sob aquele carvalho

você gostou de mim, minha amiga,

com silvos de melro.

 

Sob aquela laranjeira

você me fez seu amado,

com silvos de melro.

 

Você gostou de mim, minha amiga,

e minha pele brilhante parecia

com silvos de melro.

 

você me fez seu amado

e fui cumprimentado

com silvos de melro.

 

Cantiga deshecha

en homenage a Leanor

 

Bajo aquella encina

me gozaste, amiga,

con silbos del mirlo.

 

Bajo aquel naranjo

me hiciste tu amado,

con silbos del mirlo.

 

Me gozaste, amiga,

y mi piel lucía,

con silbos del mirlo.

 

Me hiciste tu amado

y fui saludado

con silbos del mirlo.

 

 


É uma cantiga rompida porque não segue rigorosamente as formas que nos chegaram desde a época de Dom Diniz, como o uso de minha amiga pelo meu amado, concessão à ignorância e à malevolência atuais.

Leonor é a formosa e incerta donzela descalça cantada por Camões e recriada em Do Vento nos Jasmins


Cantiga deshecha porque no sigue rigurosamente las formas heredadas desde la época de don Dinis, como el uso de amiga por amado, concesión a la ignorancia y la malevolencia actuales.

Leonor es la hermosa y no segura doncella descalza cantada por Camões y recreada en Del viento en los jazmines


 

Ontem

 

Ontem foi um dia distorcido,

Fiquei sem mar (consolei-me com uma imagem) e fiquei sem a tua presença e as tuas palavras.

 

Não sofri,

não gostei.

 

Esperava a visita de um anjo, mas perdeu-se nas sabatinas de oliveiras podadas.

 

O mal da luz, que meu pensamento entrelaçado confunde com o desejo, seca meus lábios como uma poça que as marés não renovam e permanece no sal manchado de argilas voláteis.

 

O tempo se cumpre para mim como a sede.  

  

                                                                             Inédito, 2024

 

Ayer

 

Ayer fue para mí un día torcido,

me quedé sin ver el mar (me consoló una imagen) y me quedé sin tu presencia y tus palabras.

 

No sufrí,

no gocé.

 

Esperaba la visita de un ángel, pero se perdió en sabatinas de olivos podados.

El mal de la luz, que mi pensamiento entreverado confunde con el deseo, seca mis labios como una charca que las mareas no renuevan y permanece en la sal teñida de arcillas volátiles.

 El tiempo se me cumple como sed.

 

***

Traducción de Antonio Carvajal, agosto,24


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